sexta-feira, 5 de novembro de 2010




ESTRELA NEGRA

Capítulo I


UMA MALA, UM CAVALHEIRO ARROGANTE
E UM INTERNATO DE RIQUINHOS

Eu realmente não queria nada daquilo, ganhar uma bolsa de estudos, entrar para um internato de riquinhos... Mas de nada valeram os meus esforços, não houve argumentos que fizessem os meus pais desistirem da ideia de me enviar para o Estrela Negra, o colégio interno de maior prestígio de toda a região. Então aqui estou eu, atravessando o imenso campus do colégio. Não sei se é a minha mala ou sé é o meu ânimo que está mais pesado, o fato é que parece que estou mais me arrastando do que propriamente andando.
__Que ótimo! - murmuro entre desânimo e frustração.
Sim, não bastava atravessar todo o campus, agora eu teria de arrastar aquela maldita mala pelos quatro lances de escadas com as quais me deparava. Quem em sã consciência dividiria o dormitório feminino em quatro andares?
__Só podia ser coisa desses riquinhos bestas. - resmungo quase grunhindo.


Puxo a mala com mais força, rumo ao terceiro piso, mas acabo perdendo o equilíbrio. Fecho os olhos diante da queda eminente. Subitamente sinto meu corpo ser sustentado por um braço que envolve minha cintura por completo, o que não é uma surpresa já que sou uma magrela de estatura não muito acima da média para uma garota de 15 anos. Imediatamente abro os olhos e busco por meu salvador. Meu olhar depara-se com um garoto loiro de olhos esmeralda, cujos cabelos despenteados cobriam as orelhas, vestindo o inconfundível uniforme preto e azul do colégio. Ele realmente não aparenta ter a força que possui, uma vez que ele não apenas me segurava com os pés suspensos no ar, como também segurava com o outro braço a minha mala. Ele me coloca novamente sobre o degrau.
__Garota desastrada, deveria ter mais cuidado, se não quiser ser salva por "riquinhos bestas". - fala ele com um ar debochado.
Ele ouviu...


__Obrigada! - resmungo com ferocidade tentando agarrar a alça da minha mala que ele ainda segurava.
__Não mesmo! - fala puxando a mala para que eu não a pegue.
__Como é?! - exclamo ficando ainda mais sem paciência.
Era só o que me faltava, um riquinho metido...
__Eu levo para você. - fala me ignorando e começando a subir as escadas. - É só você me dizer qual é o seu quarto.
Dizer qual é o meu quarto para esse garoto... Nem pensar!
__Não se preocupe, se não quer que eu leve até o seu quarto é só dizer em que andar eu devo deixar.
Esse garoto... Se não fosse estar estampado "pervertido" bem grande no meu rosto, ele jamais teria mencionado isso.
__Não se engane, "garotinha", eu só estou fazendo isso para não ter de ver você rolar escada abaixo de novo. - ele fala com ainda mais sarcasmo, me encarando dois degraus acima, o que o deixa ainda mais alto.
É fato que no ritmo em que estou eu não conseguiria arrastar essa mala por muito mais tempo, e uma queda novamente torná-se bem possível. Mas esse garoto me irrita... me chamando de "garotinha"... Bem, já que um riquinho arrogante resolveu fazer algo útil para variar, vale apena aproveitar.


__Quarto andar. - resmungo simplesmente, sem encará-lo.
__Ah, mudou de ideia, é?!
Esse garoto...
__Ora, cale a boca! Em primeiro lugar eu não pedi a sua ajuda, foi você que se ofereceu! - respondo mais áspera do que nunca.
__Oh, além de mal agradecida também é mau educada!
__Como é?!
Isso já é de mais!Me chamar de mal agradecida e mal educada... Quem esse cretino arrogante pensa que é?
__Quer saber, dispenço a sua ajuda!
Uma vez mais invisto contra a alça da mala, e novamente ele a tira do meu alcance.
__Heh, além de tudo você também é esquentadinha...
"Esquentadinha"... seu cretino...
__Mas felizmente eu fui educado para ser um cavalheiro e sempre ajudar uma dama, mesmo quando a dama em questão não é capaz de aceitar a generosidade alheia.
__Ofender uma dama também faz parte do seu código de cavalheiro?
Tuche, cretino!
Ele abre um sorriso debochado. Ele é definitivamente, inegavelmente lindo, e quanto a isso não há o que discutir, mas também é um arrogante metido. E estava conseguindo piorar ainda mais meu ânimo que já está ruim, e minha opinião sobre o colégio, especialmente sobre os alunos.


__Parece que com você eu não posso vencer nos argumentos. Gostei.
Ele me olha de um jeito maldoso, como se lago em mim o estivesse divertindo. Aquele sorriso aumentara...
__Pois você me irrita! - disparo na língua e no passo, deixando-o para trás - Vai me ajudar ou não, "cavalheiro"?
__É claro, minha "dama".
Segurei a vontade de me virar e encará-lo, ofendê-lo com algum insulto maldoso e inteligente, infelizmente as boas ideias pareceram fugir e eu ainda podia sentir o sorriso esboçar-se nos lábios dele enquanto subíamos. Ao menos a nossa agradável troca de insultos não continuou, mas em seu lugar, algo muito mais irritante, um silêncio constrangedor instalou-se. Fiquei aliviada quando subi o último degrau. Estava com um pouco de dor nas pernas e nos braços por ter arrastado a mala por tanto tempo, mas eu não gostava da ideia de ter de agradecer aquele arrogante por ter me ajudado. No entanto, não iria dar-lhe mais um motivo para me chamar de mal agradecida. Ensaiei o meu melhor "muito obrigada", e o meu mais gentil sorriso, enquanto ele soltava a minha mala no topo da escada ficando a uns dois passos de mim.


__Muito obrigada! - soltei com um grande sorriso.
Quem perdeu o sorriso foi ele. Tornou-se sério, enquanto me esforçava para manter o meu "ar gentil".
__Você...
__Ah?
__Tem dupla personalidade ou falta um parafuso na sua cabeça?
Heh?!
__Já pode ir seu cretino, arrogante e metido! E esqueça que vou lhe agradecer outra vez na vida! - eu disparei furiosa por causa da última ofensa.
__Oh, então era sério?!
__Ora, seu...
__Adrian.
__Hen?!
__Meu nome. Adrian. E não precisa me dizer o seu nome por que eu já sei.
Aquele sorriso sínico estava no seu rosto de novo, junto com aquela expressão maldosa.
__A propósito: Bem vinda ao Estrela Negra. O café da manhã é servido exatamente às 7:15, e as aulas iniciam pontualmente às 8:00. Não se atrase caso contrário terei de advertí-la. Três advertências e ficará em detenção após as aulas, comigo.
Ao falar ele pegou uma braçadeira de dentro do bolço da calça com o brasão do colégio. O cretino era um dos monitores da escola.


__Pode esquecer que vai me pegar, cretino! - disparei automaticamente.
Ele soutou uma risadinha sem vergonha.
__Bela escolha de palavras. Nos veremos em breve, Minha Lady.
Dito isso ele começou a descer os degraus me deixando furiosa no meio do corredor. Algumas garotas subiam e ao verem-no abriram sorrisos imensos, ele acenou com a cabeça em retorno ao cumprimento, mas o sorriso arrogante havia desaparecido do seu rosto.
Finalmente a raiva deixara meu cérebro voltar a funcionar e gritei para ele uma resposta a todos pulmões:
__Não conte com isso, cretino!
As garotas me olharam boquiabertas. Ele virou-se para mim e abriu outro daqueles sorrisos maliciosos, e me acenou um tchau enquanto voltava a descer as escadas, o que fez as garotas me olharem ainda mais espantadas. Mas eu estava fervendo de raiva para dar atenção a elas. As três passaram por mim me olhando da cabeça aos pés e o oposto também. Deveriam estar pensando o que alguém como eu fazia ali, eu obviamente não pertencia aquele ambiente, e neste ponto compartilhávamos da mesma opinião.
Eu permaneci parada até vê-lo desaparecer escada abaixo. Só então comecei a arrastar minha mala de novo.


Minha mala! Minha mala tinha o meu nome e sobrenome, além do meu... telefone... Se aquele cretino houvesse copiado seria o fim. Minha mãe foi quem colocara meus dados na mala, lógico que ela não pensou que isso poderia tornar-se um incômodo para mim. Minha mãe... meu pai... agora estava dividida entre sentir raiva por terem me forçado a vir para este colégio, ou sentir saudades. Saudades de casa, dos meus amigos de verdade, da minha antiga escola... Tive de segurar a vontade de chorar por que ainda faltava conhecer minha "adorável" colega de quarto.
Por sorte todos os quartos tinham presos as portas os nomes de seus respectivos ocupantes. Na porta em que meu nome estava, também havia escrito Tessa Hollins. Sabendo que este colégio é para riquinhos, não me surpreenderia se o Hollins fosse o de "Hollins and Hollins", a grande empresa de exportação conhecida em todo o país.
Eu já conseguia visualizar em minha mente como a tal garota deveria parecer, e como estava errada. Percebi isso quando a porta se abriu. Ela tinha cabelos lisos, loiros tingidos, sedosos e brilhantes, como os de comerciais de tv, algo que sempre achei fosse efeito de computador, e que paravam na altura dos seios. Seios que eu podia jurar que eram silicone. Seu rosto parecia com aqueles que se encontra em capas de revista... na verdade acho que já vi o rosto dela em uma capa de revista, uma dessas moda praia, eu acho. Seus olhos eram estreitos, escuros e tinham um brilho meio perverso.


Respirei fundo e entrei, eu já havia batido na porta e toda essa minha análise foi enquanto ela atendera a porta. Achei que deveria apresentar-me.
__Ah, oi, eu sou...
__Eu sei, Zoey alguma coisa.
Que antipática!
Ela virou-me as costas e sentou-se junto a escrivania. Ela pintava as longas unhas de um vermelho cintilante, algo que eu não usaria nem amarrada. O quarto estava impregnado com o cheiro de esmalte. O mais engraçado é que sempre imaginei que garotas ricas tivessem um profissional para as unhas, para o cabelo, para a limpeza da pele, talvez até para escolher a roupa que fossem usar. Foi quando lembrei que este era um colégio interno, saídas apenas nos fins de semana. E mesmo sendo um colégio para riquinhos mimados, ainda era um colégio, as manicures, maquiadoras, esteticistas e etc, não eram permitidas no campus. Isso significava que as deusas do Olimpo teriam de agir como as tantas outras rélis mortais.


Espantei meus pensamentos sobre a Miss simpatia e tratei de desfazer a minha mala. O quarto em que estávamos era maior do que o que eu esperava. Havia duas camas de solteiro feitas de uma madeira avermelhada, dois armários de tamanho razoável, uma escrivania e duas cômodas. Acima de escrivania, como que dividindo o quarto ao meio, uma grande janela que dava para o campus. Lancei uma breve olhada pela janela. Do outro lado de frente para o nosso dormitório estava o dormitório masculino, entre os dois, em uma das extremidades, o prédio com as salas de aula, atrás deste uma quadra para o atletismo, ao lado o ginásio com a piscina onde o clube de natação treina para as competições. Mas há uma coisa neste colégio, devo admitir, que merece alguma atenção, o conservatório musical. Sim, tocar violino é a minha paixão desde que tinha sete anos e assistira a uma apresentação junto com meu avô. No instante em que vi aquele instrumento e a sua melodia invadiu meus ouvidos, eu soube que queria tocá-lo. Aos 8 anos minhas primeiras aulas tiveram início, desde então não parei mais.


__Ei, você está me ouvindo? - a voz de Tessa arranca-me de meus pensamentos.
__Ah, desculpe.
Ela me encara visivelmente irritada.
__Eu não sei por que pessoas como você entram neste colégio. - ela me olhava dos pés a cabeça enquanto falava - Definitivamente a qualidade daqui está caindo. Dez anos atrás, gente como você não passaria nem pelo portão do Estrela Negra, mas os tempos parecem ser outros...
Eu não tiro a razão do que ela fala, embora estivesse sendo ofendida descaradamente... De fato o Estrela Negra só começara a aceitar bolsistas muito recentemente. Isso por que quem comanda o colégio agora é o filho do fundador, um sujeito que eu só conheci no dia em que, quase arrastada, vim com meus pais fechar os últimos detalhes da minha transferência. Fora durante as férias, um mês andes do início das aulas.
__...E quanto a isso eu infelizmente não posso fazer nada. - ela me encara - Agora nós duas precisamos esclarecer algumas regras.
__Regras?
Pela cara dela, começo a achar que não devia ter ficado tão surpresa. Afinal o que eu podia esperar...


__Regras sim. - ela apóia os pulsos na cintura, o esmalte ainda não devia ter secado - Primeira: nada de colar posters de artistas na parede, este não é o seu casebre.
Nossa que pena... Segurei a língua para não falar e o braço para não bofeteá-la, me ofender é uma coisa agora o meu lar...
__Segunda: não somos e não seremos amigas. Tenha isso em mente.
Como se eu quisesse...
___Terceira: nunca, jamais mexa nas minhas coisas. Eu não empresto nada, nem roupas sapatos ou qualquer outra coisa.
Caso essa QI de ameba não tenha percebido, eu sou uns 10cm menor que ela, meu sutiã obviamente é uns 2 números menor do que o dela, seus pés devem calçar um número maior do que o meu, e devo pesar uns 3kg a menos que ela. Em outras palavras, nada dela me serve. Como se eu quisesse andar por aí como uma cópia da Miss simpatia.
Por um momento pensei em retrucá-la, mas achei melhor deixá-la terminar a sua lista de regras.
__Quarta: fique longe do meu caminho que eu fico do seu.
Depois de calar-se, ela pegou sua bolça tigresa e saiu do quarto. O que obviamente a salvou de perder algumas mechas tingidas de cabelo. O pior é que este é apenas o primeiro dia, ainda tenho um longo caminho pela frente e prometi aos meus pais que daria o meu melhor.... Eu e minha mania de fazer promessas...


Empurrei minha mala para de baixo da cama. Comparado a minha colega de quarto o "cavalheiro" arrogante, que eu fiz questão de esquecer o nome, agora parecia bem mais agradável. Então lembrei-me de seu sorriso malicioso e o termo "agradável" jogou-se pela janela em queda livre. Ninguém neste zoológico pode ser taxado de agradável, não mesmo!
Então, depois de um relaxante banho, que eu tomei enquanto deveria estar jantando, mas preferi uma ducha sozinha no luxuoso banheiro do que estar cercada por mais riquinhos arrogantes e antipáticos, fui direto para a cama. E estava tão cansada que logo apaguei.


Ͽ♥Ͼ

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

NOVO

Como o próprio título sugere, tenho um novo projeto, que é o que eu pretendo postar com a maior frequência possível. Trata-se de uma história, comecei a escrever hoje durante a aula na faculdade... hahaha... que exemplo de aluna que eu sou, não que a aula estivesse de todo ruim, mas eu é que estava com caraminholas na cabeça, e quando estou assim a última coisa na qual eu vou conseguir me concentrar é na aula - apenas na aula, porque na sala eu consigo me concentrar perfeitamente, tanto que estava escrevendo a história, que segundo a própria Noan - ela já leu o que eu escrevi - foge bastante do que ela esta acostumada a me ver escrever, um forte exemplo é a M.H que eu não postei nada referente a ela, ainda, embora as três linhas abaixo do meu nome lá em cima pertençam a M.H. 
Sem mais delongas...

domingo, 24 de outubro de 2010

ME FAÇA CRER

Seria bom poder dizer
apenas a verdade de vez enquanto
confessar tudo aquilo
que nos aflige a alma...

Me faça crer..
que talvez não seja tarde
para lutarmos
Me faça crer...
que talvez ainda possamos...
que ainda reste algo

Eu queria... Oh como quero
sussurrar em seu ouvido
tudo aquilo que me faz sofrer
tudo aquilo que me faz chorar
mas talvez... só talvez
seja tarde de mais
tarde de mais para nós

Me faça crer..
que talvez não seja tarde
para lutarmos
Me faça crer...
que talvez ainda possamos...
que talvez ainda haja tempo

Quantas vezes já tentamos
quantas vezes já falhamos
e nos ferimos
e já sangramos
quando tudo que queremos
é dizer a verdade
mas talvez seja tarde
tarde de mais pra nós dois
mas talvez... só talvez
seja tarde de mais
tarde de mais para nós

Me faça crer..
que talvez não seja tarde
para lutarmos
Me faça crer...
que talvez ainda possamos...
que talvez tenha restado algo

Me faça crer
que o mundo não é tão frio
quanto me parece
que os pássaros cantam
e flores desabrocham
e que talvez... só talvez
eu ainda seja capaz
de lhe fazer feliz
que talvez não seja tarde
que ainda restem chamas
que talvez... só talvez...

Me faça crer..
que talvez não seja tarde
tarde de mais para nós dois

HOUVE UM TEMPO...

 Houve um tempo
em que eu acreditei
que as pessoas
pudessem realmente mudar

houve um tempo
em que eu sonhei
com um mundo
que fosse
um lugar melhor
para todos nós

houve um tempo
em que eu desejei
ser capaz de
fazer todos a minha
volta felizes

Houve um tempo...
em que todos os sonhos,
e todos os nossos desejos
bons e nobres
podiam se realizar

Houve um tempo
em que eu acreditei
que pudéssemos
fazer tudo
se mantivéssemos
o coração aquecido

Da mesma forma
que houve um tempo
em que todas as crianças
acreditavam que o mundo
fosse um lugar
tranquilo e bonito
e que não haviam
motivos para temer
porque elas estavam seguras

Houve um tempo
em que a inocência era boa
e os puros tinham
o seu valor reconhecido

Houve um tempo
em que tudo isso
podia ser real...

Mas há muito tempo
eu perdi a capacidade
de acreditar
que os sonhos
são reais
que as pessoas
podem mudar
que o mundo
é bonito, tranquilo
e principalmente seguro

Porém, eu ainda acredito
que posso fazer
as pessoas felizes.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

LÁ FORA...

O vento sopra.
O vento uiva.
Lá fora as folhas dançam,
Uma dança de sombras.
Lá fora a escuridão.
Lá fora o vazio

quarta-feira, 7 de julho de 2010

ESTAMOS PRESOS...

Estamos presos...
presos em um mundo de ilusão
de personagens sem face,
de cicatrizes que não fecham
de desejos tolos e esperanças vãs.
Estamos presos em um mundo de guerras,
mergulhados em um mar de dor,
soterrados por sombras,
prisioneiros da escuridão,
e como na areia movediça
quanto mais nos debatemos
buscando a saída
mais afundamos.
Estamos presos...
não por vontade,
não por consciência
mas ainda assim presos.
Como uma criança que desenha
seus sonhos nas nuvens
assim me velo diante do imenso mundo,
sem perspectivas de novas mudanças,
sem esperar,
sem desejar
apenas acreditando...

quarta-feira, 14 de abril de 2010

RECORDAÇÕES

Um amigo me disse que "para todas as perguntas há respostas. Nós apenas não conseguimos entendê-las."

Meu nome é Evelyn Monstar e tenho 17 anos. Eu moro com meus pais na Baía das Orquídeas, uma cidade costeira ao leste do país. Minha família mudou-se para essa cidade depois que meu irmão, Brian, entrou para a faculdade, que fica na cidade vizinha, ele tem 22 anos e esta cursando engenharia. Brian é o orgulho da família. Na minha opinião ele esta na carreira errada, ele daria certo como detetive, pois vive se metendo na minha vida, esta sempre descobrindo o que eu faço, e depois, conta para os nossos pais, ou então, me obriga a arrumar as suas coisas, para que ele não conte o que descobriu.
Hoje é mais um dia normal de escola, logo minha mãe vem me chamar. Como na maioria dos dias quentes, vou a pé para a escola. Tenho que caminhar uns vinte minutos, mas, nessa época do ano, é muito agradável sentir os raios do sol aquecer a pele.
Enquanto caminho, observo que as folhas das árvores estão ganhando um tom amarelo-amarronzado, logo o outono chegará e essas folhas recobriram o solo húmido, coberto pela grama verde.
Há quem não goste dessa época, pois ela antecede a estação mais fria e sem vida do ano. Mas toda essa melancolia desperta em mim uma estranha atração, pois é nela que o ar fica repleto de mistério.
Sempre comparei as estações do ano com as fazes da vida humana: A primavera, com seus perfumes e toda a sua alegria, é como a infância, cheia de descobertas. Então vem o verão e com ele uma explosão de energia, é a adolescência. Depois vem o outono e a natureza passa por uma transformação, é a vida adulta com toda a sua seriedade. Logo chega o inverno, o frio, a tristeza a escuridão, é a velhice quando avaliamos o que fizemos, é também o fim da jornada. Então o ciclo recomeça.
Faltam três dias para o fim de semana. Por um momento eu pensei que não conseguiria voltar à escola. As aulas recomeçaram a uma semana, mas só hoje tive coragem para vir.
Ontem vi a Senhora Fontes, é estranho pois hoje fez dois meses que tudo aconteceu. Foi desagradável voltar a escola, ver aquela classe ao meu lado vazia pela primeira vez em quatro anos, quatro anos de amizade.
Depois do jantar, enquanto estava sentada na escada, pude ouvir meu pai falar que os Fontes puseram a casa, verde do final da rua, à venda. Subi os últimos degraus correndo e me tranquei no quarto. Já tem quase dois meses que tomo remédios para conseguir dormir.
Minha mãe diz que "as feridas levam tempo para cicatrizarem, mas as marcas ficam para nos lembrar o que passou".
Sinto crescer dentro de mim, a cada dia, uma angustia que me corrói. Como queria ser capaz de fazer o tempo voltar, e consertar tudo o que está errado. Acho que jamais vou conseguir me perdoar pelo que houve, se eu tivesse feito algo para impedir tudo isso, se eu tivesse como saber o futuro...
Um novo dia nasce, rogo a minha mãe para não ir a escola, as horas que passo lá são uma tortura para meus nervos enfraquecidos.
Brian se ofereceu para me fazer companhia, já que o psiquiatra recomendou a meus pais para não me deixarem muito tempo sozinha. Passamos o dia assistindo filmes de comédia no DVD, Brian fez pipoca de micro ondas, pois sabe que eu gosto, mas não adiantou muito. Em dois meses emagreci quase oito quilos, e fiquei bem perto de conseguir uma anemia.
Brian tem sido um irmão legal, faz todas as minhas vontades, e tenta me distrair, até parou de encrencar com o Zéfi, meu gato de estimação.
O sábado amanheceu ensolarado, depois da chuva de quinta e sexta. Peguei minha bicicleta e fui dar uma volta no bairro. Realmente a casa dos Fontes esta com placa de venda, é melancólico ver como mudou a vida e a rotina da cidade. As pessoas ainda estão em estado de choque com os últimos acontecimentos, Nada mais é, ou será, como antes. Queria voltar àquele dia e arrumar as coisas.
Continuei meu passeio, algumas casas, mais próximas a dos Fontes, ainda tem pequenos pedaços de fita preta presos junto as janelas ou portas.
Eu odiei os Fontes por eles quererem abandonar a cidade. Era como se eles quisessem simplesmente fazer de conta que não havia nada de errado. Voltei para casa transtornada, eu não conseguia mais suportar tanta hipocrisia.
Minha mãe e meu pai tinham saído, eu estava sozinha, meu irmão estava na casa da Verônica, sua namorada que ele escondia há quase quatro meses dos nossos pais.
Fui até o quarto dos meus pais, arrombei a gaveta onde minha mãe guardava os remédios, peguei meus calmantes, não contei quantos tomei. Tudo que me lembro é de deixar o frasco vazio, e então tudo ficou escuro. Acordei três dias depois no hospital, eu havia tido uma parada respiratória, devido a grande ingestão de calmantes anti depressivos. Segundo o médico, era quase um milagre eu estar viva. Mais tarde descobri que Brian, movido por um impulso, voltara mais cedo para casa, graças a ele eu estava viva, pois se ele tivesse voltado alguns minutos mais tarde eu teria morrido.
Depois do que houve, pude finalmente perceber que eu era quem fazia de conta que nada havia acontecido. Eu estava evitando encarar a realidade. Erick estava certo, todas as perguntas tem respostas, somos nós que não as entendemos.
Depois que saí do hospital, pedi a meu irmão para que me levasse até onde Erick repousava seu sono sem volta. Foi terrível, e ao mesmo tempo foi como se me libertasse de uma culpa que me atormentava. Quando Erick se foi, eu não tive coragem de me despedir. Meu pai e meu irmão foram, minha mãe não me deixou sozinha.
Os Fontes mandaram colocar a estátua de um grande anjo de asas abertas, sobre a lápide. Um anjo de olhos fechados, com uma das mãos apontando para o céu.
Enquanto estive no hospital, a Senhora Fontes foi me visitar. Conversamos por alguns minutos. Acho que as feridas começam a cicatrizar, mas a dor ainda esta lá, e sempre vai estar. Não sinto mais ódio dos Fontes, eles tem o direito de seguir sua vida em outra cidade. A Senhora Fontes disse que nas férias eu posso ir visitá-los, como eu fazia quando Erick ainda estava entre nós.
Eu ainda moro na rua Menfil 4012. Não brigo mais tanto com meu irmão, e agora tenho uma nova amiga, Daphne, ela mora próximo da escola. Aquela classe ainda continua vazia, mas já não dói tanto olhar para ela. A cidade esta voltando ao que era, e mesmo que as pessoas esqueçam o que houve. Eu não vou esquecer.

Tudo pode Acontecer...

Tudo pode Acontecer...

Eu resolvi deixar tudo que me incomoda para trás
pegar meu carro e sair sem rumo
por que hoje tudo pode acontecer
estou aberta a novas possibilidades
dei adeus para a tristeza
dispensei a solidão
joguei os problemas pela janela
arranquei as mágoas do coração
joguei as dores de cabeça na gaveta
e lancei a chave fora
por que hoje tudo pode acontecer

Resolvi que quero aproveitar a vida
enquanto ainda o posso fazer
sem receios, medos ou hesitações
sem correr riscos
nunca saberei onde é meu limite
Decidi que quero ser feliz não importa
o que eu tenha que fazer
só se vive uma vez
e hoje tudo pode acontecer

Quero ser tudo o que eu puder ser
(e um pouco mais)
quero amar tudo o que eu puder
sorrir para alguém, todos
ou qualquer um por quem eu passar
tomar banho de chuva
sem medo de ficar doente
comer sorvete até não aguentar
cantar até ficar sem voz
dançar mesmo sem par ou música
e correr até cansar

Sem medo de ser quem eu sou
seja lá quem eu decidir ser
talvez uma musa
quem sabe Mona Lisa
melhor não, deve ser chato
ficar tanto tempo sentada
talvez uma estrela de cinema
e beijar quantos galãs eu conseguir
talvez montar uma banda
mesmo que ninguém a queira ouvir
talvez eu queira ser apenas uma garota
como tantas outras
ou uma super heroína
quem sabe eu consiga uma vaga
nas super poderosas
Pois hoje tudo pode acontecer

Talvez eu encontre um alguém
talvez ele me encontre
ou talvez eu serei uma velhinha no asilo
rodeada de gatos gordos e peludos
talvez eu vire astronauta
ou me candidate a um cargo no governo
viajem por viajem
melhor ficar com os pés em terra firme
Resolvi que quero fazer tudo
que estiver ao meu alcance
(e mais um pouco)
o maior arrependimento que se pode ter
é o de não tentar
não importa o que virá... se sol, chuva
ou mesmo um tanque vazio
(quem manda não verificar o nível de gasolina)
É, hoje tudo pode acontecer
viajem de carro sem o pneu furar
é pura obra do acaso
encontrar uma nota perdida
e amassada no bolso da calça
isso sim é sorte

(Sem lutar não a graça em se vencer)
se eu não encontrar um motivo
para sonhar, invento
Desejei ser capaz de curar as feridas do mundo,
mas me contento se não provocá-las
queria ser capaz de parar o tempo
mas me contento em aproveitá-lo ao máximo
queria poder abraçar o mundo todo
mas fico feliz se for capaz
de abraçar alguém que realmente precise
Afinal,
hoje eu decidi que tudo pode acontecer...

quinta-feira, 1 de abril de 2010

EU CONTINUO DESEJANDO...

Eu continuo desejando que o mundo não passe
para que eu possa viver o momento;
Eu continuo desejando que seja eterno
mas principalmente que seja real:
E se por acaso eu vier a acordar deste doce sonho
que eu possa lembrar-me de cada momento, cada detalhe;

Descobri que viver neste mundo sombrio
é o que me faz sofrer,
não importa que seja apenas fantasia, ilusão
Nada importa, esta não sou eu,
este não é meu lugar;
Quando fecho os olhos,
quando deixo a mente viajar
ela sempre vai até você
Não importa a distância
só me encontro,
só me torno quem realmente eu sou
quando encontro você.

Isso não é destino, eu sei
não há nada de cósmico,
Mas se acaso eu acordar
só espero ser capaz de me lembrar
a cada instante
de onde realmente é meu lugar;
Além das janelas, a cima das nuvens,
através do mar, além do horizonte...
Não importa a distância,
Nada importa.
Se estou só, se estou triste, se estou morta,
mesmo que por dentro,
é porque já tive companhia, já tive alegria,
é porque já estive viva.

Não há como arrepender-se
do que ainda não aconteceu;
As trevas não são eternas
Assim como as lágrimas também não o são...